terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Quem foi?!


Florbela d’Alma da Conceição Espanca nasceu a 8 de dezembro de 1894, no município de Vila Viçosa, região do Alentejo, sul de Portugal, filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca. Foi criada pela esposa do pai, Mariana do Carmo Ingleza, também sua madrinha, como aconteceu com Apeles, seu único irmão que nasceu a 10 de março de 1897.
Antónia da Conceição Lobo faleceu em 1908, ano em que a família se mudou para Évora para dar continuidade aos estudos de Florbela, que ingressou no Liceu. Mas, datam de 1903, as primeiras composições de Florbela. A vida e morte vem registrada com a indicação de ter sido composta em 11 de novembro de 1903; do dia 12 de novembro há um soneto em redondilha maior, que começa com o verso “A bondade, o som de Deus”, onde se assegura que é feliz quem tem “um bom irmão”- homenagem a Apeles. No ano seguinte, aos dez anos, em poema de parabéns de aniversário ao "querido papá da sua alma" escreve que a "mamã" cuida dela e do mano "mas se tu morreres/ somos três desgraçados".
Em 1913, Florbela interrompeu o Liceu e se casou em Évora, no dia do seu aniversário de 19 anos, com Alberto de Jesus Silva Moutinho, seu colega de escola desde 1904, indo residir em Redondo. Voltam a Évora e retornam a Redondo em 1916, onde dá início, em meados de abril, ao caderno Trocando Olhares, que contém oitenta e oito poemas e três contos.
No ano de 1917, no mês de outubro, Florbela matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que abandonou em meados de 1920.
Saiu, em junho de 1919, pela Topografia Maurício, o Livro de mágoas, coletânea de trinta e dois sonetos, dedicada “A meu Pai. Ao meu melhor amigo” e “A querida Alma irmã minha. Ao meu irmão”. São duzentos exemplares franqueados pelo pai.
Divorciou-se de Moutinho em 30 de abril de 1921 e casou-se e, 29 de junho, no Porto, com António Marques Guimarães, alferes de Artilharia da Guarda Republicana, que conhece desde princípios de 1920. O casal passou a residir no Porto, mas no ano seguinte já se encontrava em Lisboa, onde Guimarães se tornou chefe de gabinete do Ministro do Exército.
A segunda coletânea de sonetos de Florbela, Livro de “Sóror Saudade”, veio a lume em janeiro de 1923, composta de trinta e seis sonetos. Foram também duzentos exemplares custeados pelo seu pai. Para sobreviver, Florbela deu aulas particulares de português em Lisboa. Em ambas as obras lançadas por Florbela, como em obras póstumas, várias são as temáticas trabalhadas pela poetisa: refere-se ao seu Alentejo e aos locais ligados às suas origens, e exalta a Pátria em alguns poemas; canta a paixão humana, assunto recorrente em sua obra, e, em outros, percebemos um tom confessional.
Em 23 de junho de 1925, Florbela divorciou-se mais uma vez, agora de Guimarães e casou-se a 15 de outubro, com o médico Mário Pereira Lage, que conhece desde 1921, e com quem vivia desde 1924, em Matosinhos, Porto, onde, a partir de 1926, moraria com ele na casa dos sogros até a sua morte.
Apeles, irmão de Florbela, tornou-se Primeiro Tenente da Marinha e durante um vôo de treino com um hidroavião,em 6 de junho de 1927, mergulha no Tejo. Seu corpo nunca foi encontrado, mas Florbela guardou pedaços do avião que ele pilotava durante o acidente. Esse fato veio a contribuir ainda mais para o sentimento de solidão que fazia parte da vida da poeta, já que amava o seu irmão. Tal sentimento que veio a ser condenado pela moral portuguesa, durante muito tempo, por julgarem ser incestuoso.
Sabe-se que, em julho de 1928, Florbela se apaixonou por Luiz Maria Cabral, médico e pianista, e que, em agosto do mesmo ano, tentou o primeiro suicídio por soporíferos. Sabe-se também, que em outubro do ano de 1930, Florbela se apaixonou também por Ângelo César, advogado do Porto e, em seguida, ocorreu a sua segunda tentativa de suicídio com barbitúricos.
Na passagem de 7 a 8 de dezembro de 1930, precisamente às duas horas da madrugada do dia 8, à hora exata em que nasceu e no dia em que completava 36 anos de idade, Florbela morreu em virtude de uma overdose de barbitúricos. À sua amiga Maria Helena Calás Lopes, que foi visitá-la em ocasião de seu aniversário, deixou uma carta confidencial com todas as instruções de seu enterro, bem como as suas últimas disposições. Entre estas, dois pedidos: de que fossem colocados dentro do seu caixão os fragmentos do hidroavião que Apeles pilotava quando morreu, bem como o de que cobrissem o seu corpo com braçadas de flores.